Trânsito em Viracopos 01/08/2013

A forte presença do governo na economia é responsável pela estagnação econômica que vivemos há mais de 20 anos, que provoca a tremenda indignação e violência que está se armando no país e que se torna cada vez mais aberta e mais virulenta. Entre tantas intervenções, o monopólio de portos e aeroportos (desde a CF/1934) tem problemas de gestão e de monopólio de contratação de mão de obra que se aliam a falta de investimento, seria melhor dizer falta de investimento que gere produtividade, porque, como se sabe, no Brasil, dinheiro se gasta muito mas se aplica mal, dai os altos preços dos serviços portuários e aeroportuários e a estagnação da oferta desses serviços (Custo Brasil). Tal situação serviu de pretexto para abertura à iniciativa privada dos portos e aeroportos. Tal abertura é danosa porque não está se fazendo pela simples quebra de monopólios, emendando a CF, e, após alguns anos, venda do patrimônio de portos e aeroportos - essa sequência é importante para não criar monstros monopolizadores privados- entregando a atividade ao mercado, mas pela manutenção do monopólio e mantendo-se as regras de contratação de trabalho especiais, ambos que não têm a menor razão para existir, e realizar privatizações, ou seja, colocar o patrimônio público à disposição da iniciativa privada sob o (des)controle do governo, e que, para isso, cria estatais, as agencias reguladoras (Conaportos, Anac) que, como sabemos, é fonte de mais custos e regulam mais a nós que as empresas. Os contratos garantem atuação lucrativa, sem riscos e sem concorrência, e os custos são impossíveis de serem avaliados. Embora a qualidade e quantidade dos serviços possam melhorar, os ganhos de produtividade não são repassados aos consumidores, ao invés, os investimentos justificam aumento desses preços administrados que se tornam ainda mais caros. Tal simbiose perniciosa governo empresas foi renomeado para Parceria Público Privada em nome do que o governo abertamente passa a custear e tutelar essas empresas. É o que acontece em Viracopos. Pior , sua expansão prevista é indesejável pois atrairá gente para Campinas, que já passou do tamanho aconselhável para cidade. Adicionará mais problemas de infraestrutura viária, água e esgoto, trânsito, poluição e outras que a cidade já tem e que não dispõe de recursos para solucionar, e os impostos gerados não compensarão tais custos, ainda mais que o entorno de Viracopos será desapropriado pelo Estado, portanto às nossas custas. Agora, o governador anuncia a privatização do Campos dos Amarais, que deveria, ao invés, ser vendido a iniciativa privada. Mas, o que me motivou a escrever este artigo foi ter sentido, ao buscar milha filha com meu carro, os alegados problemas de trânsito e visto, com estranheza, a presença dos Amarelinhos em Viracopos coagindo os usuários, já que se trata de área pública, mas sob concessão. Eu entendo que tais problemas derivam de má gestão. Inicialmente, houve aumento brutal de movimento do aeroporto sem a devida expansão das áreas de embarque e principalmente a de desembarque onde os passageiros chegam de uma só vez, pior, foram ocupadas quase completamente por ônibus e táxis, e a antiga área pública de estacionamento foi sitiada já há bom tempo. Ainda, todos os espaços nas ruas se tornaram proibidos de estacionar, medidas que foram tomadas, certamente, para que se use, pagando os altos preços, os estacionamentos, mesmo para uma parada rápida. A 1,5 km da estação, local ermo e perigoso, onde se deseja proteção e não coação, é proibido parar para, no caso de atraso de aviões, esperar no carro pela chegada dos viajantes e desembaraço das bagagens, atrasos muitas vezes provocados pelas falhas dos próprios aeroportos. Diante desses limites, o motorista que espera tem que ficar dando voltas até a chegada dos aviões, o que é imprevisível pois não se tem acesso ao quadro de informações de chegada, faz paradinhas para ver se o passageiro está saindo ou para seu embarque no carro, muitas vezes em fila dupla porque não há espaço para parar. Tudo junto provoca os congestionamentos que a empresa deseja resolver à moda da truculência dos governos, com polícia, e culpando os usuários, já que o contato com o poder contamina, por isso quer acordo com a prefeitura para por os Amarelinhos a seu serviço. A privatização existe porque o governo não pode fazer. Portanto, não ha nenhuma razão para acordos com o setor público das empresas privatizadas, seja de trânsito, seja de água e esgoto, ou outra, e tratá-las diferenciadamente das outras empresas, muitas mais importantes que o Aeroporto. Aliás, as agencias reguladoras deveriam existir para cobrar soluções, não para apoiar a exceção, como é praxe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário