Punição e Fiscalização 03/05/2013
A punição é
instrumento bárbaro de exercício de poder que resiste aos avanços
da sociedade, assim como o poder politico, também instituição
barbara e anacrônica,resiste. Alentador é que já foi pior, pois
na idade média o poder absoluto punia com fogueira confundindo
pecado e delito. Não é bárbaro apenas porque é perverso, porque
tortura e sevicia o indivíduo, mas porque os resultados que produz
em termos de eficiência social são nulos, e isso se vê pelo
calamitoso avanço da violência no transito e nos roubos, no aumento
de roubos, furtos, fraudes, assassinatos e de cadeias e tribunais
cheios, os quais a punição é incapaz de evitar, ao invés, aumenta
a tensão social. A punição não pode ser solução porque é
imoral, visto que um indivíduo pune outro, e, na verdade, é exemplo
de violência que tem como resposta crimes agressivos e sanguinários.
Outro efeito perverso é o custo altíssimo de um sistema de punição
que empobrece a sociedade como um todo. A punição que por ser ato
de uma classe de poder sobre a produtora é por si injusta e imoral
e, portanto, não é ordenadora nem pode promover o direito nem a
justiça. Na verdade, a punição, como instrumento de poder politico
que é consolida a obediência como valor e liberdade como defeito, e
viola e submete a sociedade a injustiças. Punição é força e a
força é necessária para fazer injustiça. E quando o povo pede
justiça por punição, quer de fato, vingança. É assim quando
alguém é assassinado: diante da impossibilidade de dar vida ao
morto só resta seviciar o autor com punição. Associada da punição
é a fiscalização. Outra aberração monstruosa, pois não se pode
fiscalizar a todos em todos os lugares. Não se pode estar no campo
para fiscalizar se quem planta aplica agrotóxico adequadamente, se
nas fabricas de alimentos não se envenenam os produtos, se nas de
remédios a dosagem é certa, se nas fabricas as pessoas e as
maquinas trabalham direito, se os aviões não vão cair e se os
navios não vão afundar por falhas de projeto e construção, se nos
hospitais se fazem exames corretamente e se no transito todos se
comportam bem, e tudo mais. Ademais, o sistema de fiscalização é
incompetente e sujeito a corrupção portanto deveria também ser
fiscalizado. Pensando fiscalização e punição como solução elas
ocupariam 70% da população para cuidar dos 30% que estariam
produzindo. Porem, em todas as atividades produtivas humanas há
riscos e as falhas são evitadas não porque um minusculo sistema de
fiscalização existe e porque a alguns indivíduos é dado,
absurdamente, o poder de punir, mas porque quem trabalha se sente
responsável pelas vidas alheias. A ordem produtiva, a principal e da
qual derivam as outras ordens, é conseguida pelo trabalho,
responsabilidade e interesse dos que produzem, e se acontecem falhas,
certamente, são mais por ignorância e fraqueza que maldade e
subversão. Mas, quando os indivíduos falham os acidentes acontecem
e provocam danos e mortes que a fiscalização e a punição não
podem evitar. E notem que são poucos no universo dos que poderiam
acontecer embora sejam muitos que poderiam ser evitados ou atenuados,
como por exemplo o desmoronamento do edifício Liberdade no Rio de
Janeiro em 2012, o incêndio na boate Kiss em Santa Maria, as mortes
no hospital Vera Cruz em Campinas, o desmoronamento na Imigrantes e o
transito que mata e fere cada vez mais. Em todos esses casos se
percebe a omissão publica na função absurda que lhe damos de
fiscalizar, e após uma histeria fiscalizatória serão esquecidos, e
aguardaremos que um novo desastre aconteça em uma área inesperada.
Incrível, que apesar das falhas de fiscalizar se aplicam multas que
premiam quem falhou na sua responsabilidade assumida de fiscalizar.
Todos se tornam caso de policia que busca culpados para punir, o que
não dará vida aos mortos e nem prevenirá novos acidentes. Ainda,
não faltam as oportunidades para gerar mais renda em taxas de
Alvarás, ART, Habilitação, etc como se esses papeis por si
representassem segurança. Alem do mais a fé nas exigências de
segurança são abaladas quando se questiona se são reais ou visam
atender interesses privados como: kit de primeiros socorros em carro,
extintores de incêndios, e tantas outras tidas como verdades
inabaláveis. Incêndios como o da Boate Kiss nos inspiram ainda a
perguntar: sera que o corpo de bombeiros, que já presta honroso
serviço, está bem treinado e equipado? sera que Campinas tem um
sistema de hidrantes e pressão de água adequados para combater um
grande incêndio? ou sera preciso acontecer para indagarmos?
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