O manifesto
nas ruas expressa a indignação de toda a população brasileira.
Baixado os preços das tarifas, o povo pode perceber a força da sua
vontade coletiva e que liberdade que atende a consciência faz a
ordem e a obediência castradora a desordem. Liberdade que se
emancipa a medida que se pratica. Por esta razão, o maior ato
ideológico do manifesto, um grande avanço social, tem sido negar
partidos políticos e não ter lideres, negando toda a estrutura de
poder representativo como Presidente,Vereadores, Deputados,
Congresso, Câmaras, Assembleias Legislativas, Juízes, Ministério
Público, Tribunais, sindicatos, etc, e suas leis. Em outras
palavras, exige-se mudança no papel do estado. Entretanto, não é
claro a todos o que deve ser colocado no lugar do que esta sendo
negado e sem ideias que ampliem e deem consistência a sua vontade o
movimento se enfraquece e se frustra. Na essência de qualquer
discussão sobre tamanho do Estado está o tamanho da sua receita
porque elas custeiam os gastos da ação estatal. Posto isso e sem
ousar pensar em mudança institucional, eu proponho diminuir a
interferência do Estado na vida do país eliminando os grandes
monopólios estatais que foram instituídos em nome do suposto dever
do estado de prover (ex: transporte coletivo, lixo), em nome da
segurança nacional ( ex: portos e aeroportos), por nacionalismo
exacerbado (ex: Petrobras) e por outras razões ( telefonia,
eletricidade, rodovias, etc). O dever do Estado não justifica
monopólios, e pior, repassá-los na forma de concessões em uma tal
de parceria público privada em que o povo fica com os custos e as
concessionarias com os ganhos sem riscos e sem concorrência.
Empresas merecem respeito no mercado não em conluio com os governos.
Monopólios naturais devem ser controlados por colegiado de
consumidores. Outro monopólio é o das profissões regulamentadas, a
principal delas a medicina, e que tem na Educação seu mecanismo
monopolizador. É possível mostrar que a interferência do Estado
tem trazido mais males que benefícios na Educação e na Saúde. A
Educação formal desde o ensino fundamental até as universidades,
que escraviza pais e os filhos até 25 anos, não prepara para o
trabalho mas para o exercício intelectual alienante. Apenas
contribui minimamente com a alfabetização e aritmética, sendo
assim uma educação quase inútil. Nas universidades, que pretendem
ser profissionais, o currículo imposto pela legislação é tão
extenso, o contato com o objeto estudado é tão fugaz que o
aprendizado é altamente ineficiente; mas seus diplomas, como
certificados de reserva de mercado, subsidiam monopólios de
profissão regulamentadas e como tal impedem a oferta de
profissionais a sociedade sendo o caso mais grave o da Saúde por
ter sido tornada caríssima (ver meu artigo Medicina e a Falta de
Médicos – Correio 08/06/13). Por isso, a Educação formal
torna-se escravizadora e cerceadora de conhecimento e oferta de
profissionais que poderiam se desenvolver nos seus ambientes de
trabalho, onde finalmente se aprende. Tal Educação não será
redentora. Mais uma interferência significativa é a do sistema
financeiro, calcada em dívida pública, descalabro que jamais
deveria ser permitido ao Estado, implementada com a criação do
Banco Central, tutela do governo a especulação financeira que
absorve 20% da receita estatal. Foi objeto do Occupy Wall Street nos
EUA. Deriva de toda essa interferência estatal e dos gastos que ela
representa a insatisfação popular e que ao final compromete a
Segurança pela escassez e pela violência. A interferência estatal
tem ideologias que a faz parecer justa. Portanto, para haver
transformações que resolvam o desordenamento atual, diga-se
mundial, uma nova ideologia para o futuro se faz necessária, ou
seja, que se redefina o papel do Estado, o que é uma verdade
histórica. Por exemplo, no passado o Estado era dotado de Poder
Absoluto e se atribuía a função de segurança pelas armas, pela
guerra. Em nossos dias, após uma grande transformação, o Estado é
de Poder Instituído Democraticamente e agrega funções de serviços
como Previdência, Saúde, Escolas, etc. A incerteza de pensar o
futuro é que não há nada pronto, nada a copiar e quando se imagina
tudo é projeto, sonho e utopia. O que nos obriga e dá alento a
continuar a sonhar é que embora não saibamos como pensar o futuro
já sabemos que o que existe no presente, sonhado no passado, não
funciona mais, e assim tudo piorará mais até se esgotar
completamente o modelo de Poder Democrático exigindo um novo modelo
como as manifestações de rua já aspiram embora não saibam
definir.
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